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Ela atira com calibre 12 e dobra o Exército. Tudo pela vaga olímpica
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Quem entende de arma conhece o poder um ‘calibre 12’. Sabe que é um dos mais potentes que existem e que o tranco causado pelo disparo pode derrubar o atirador.  No imaginário popular, é arma que mata elefantes. Daniela Carrara aguenta o tranco. Literalmente.

Uma das principais atiradoras do país empunha sua espingarda calibre 12 com maestria. É com a mesma maestria que ela enfrenta o preconceito e assusta muito marmanjo por trabalhar quase diariamente com uma arma de fogo. Enfrenta também as burocracias para ter o aval do Exército e poder transportar seu equipamento livremente. Todo o esforço por uma meta bem definida: defender o Brasil nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

“O calibre 12 é conhecido pela população como um calibre que dá muito tranco. Os homens arregalam o olho e dizem que é arma de matar elefante. Já vi repórter de televisão dizer isso, mas não é verdade. Muitos me perguntam: ‘Você não cai para trás?’. Não, eu não caio para trás. A pessoa que nunca atirou, aí sim vai cair para trás”, conta.


Daniela tem 29 anos recém-completados e há mais de 20 se aventurou no tiro esportivo, desde que se apaixonou pelo esporte por influência de seu pai, um descente de italianos. Em todo esse tempo, ouviu brincadeiras e comentários maldosos de pessoas que associam a modalidade à violência e ao crime e consideram inadequado uma mulher praticar uma modalidade majoritariamente masculina.

“As pessoas acham que o tiro é um esporte agressivo, que fazem de você uma pessoa perigosa. Existe todo um preconceito, muitas vezes já ouvi, ‘nossa, você atira’, ‘vou ter cuidado com você’”, disse.

Até os patrocinadores se afugentam.  “Me parece que as empresas não querem vincular suas marcas a um esporte que leva arma de fogo, fazem uma associação com a violência, criminalidade. Mas é um instrumento como outro qualquer, um taco de beisebol também pode matar alguém”, disse.  “Claro que tenho vários cuidados de segurança que meu pai me ensinou desde pequena. Mas para mim, é tão natural. Minha arma é como se fosse uma escova de dente”.

Não é fácil ser um atirador no Brasil. Daniela precisa enfrentar muitas burocracias e seguir leis extremamente rígidas para obter a autorização do Exército e poder transportar sua arma. Sempre acompanhada da documentação. “Já esqueci e rezei para não ser parada”.

Apesar de participar de competições desde os 13 anos, ela só conseguiu ser dona de sua própria arma aos 25. As leis brasileiras proíbem que pessoas com menos idade tenham essa autonomia. Em toda sua infância, sua mãe precisou acompanhá-la em os treinos e viagens porque era a responsável pelo equipamento.

“Eu imagino que o Exército tenha razões de segurança para criar uma legislação como essa. O tiro é uma exceção no Brasil, por isso duvido que o Exército considere o garoto que quer começar no esporte, é um universo muito pequeno. Só que a gente acaba sofrendo”.

O objeto inusitado já causou situações embaraçosas e até engraçadas. A embalagem se parece com um teclado de música, o que faz as pessoas se confundirem. Certa vez, estava voltando de uma competição na Argentina quando foi parada no aeroporto por um fiscal da Receita Federal que perguntou o que havia em suas costas. Daniela respondeu que era uma arma de fogo. Não é difícil imaginar a expressão do funcionário.

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“Ele olhou com uma cara apavorada. Aí eu expliquei, disse que tinha autorização. Só depois de muita conversa ele me liberou. Mas isso acontece muito. No táxi, no elevador, muitas pessoas perguntam se eu sou cantora ou instrumentista. Eu prefiro responder que sim, até eu explicar que é uma arma de fogo dá muito trabalho”, brinca. “Uma amiga minha chegou na minha casa e eu estava limpando a arma. Ela não quis entrar até eu guardar. É uma bobagem, sem munição não há qualquer risco”.

Apesar da resistência das pessoas de fora, no meio do tio esportivo Daniela não sente dificuldades por ser mulher entre tantos homens e conta até com a ajuda deles que querem promover o esporte.

Ela compete na modalidade skeet em que os pratos são lançados por uma máquina e o competidor precisa empunhar a arma já com o alvo em movimento. A vaga nas Olimpíadas está praticamente garantida, já que a atleta tem resultados bem melhores que sua única adversária no Brasil. Neste ano, por exemplo, ela foi ouro nos Jogos Sul-Americanos.

Mas tudo vem com um grande esforço. Daniela treina apenas três vezes por semana porque precisa conciliar o esporte com o seu ganha pão. Diariamente, ela tem outro trabalho e ajuda na administração de empresas estrangeiras que queiram se instalar no Brasil. Por isso, os treinos se restringem ao período do almoço nas quartas-feiras, além dos fins de semana.

A atiradora chegou a abandonar o esporte quando terminou a faculdade e começou a trabalhar. Mas o sonho de disputar as Olimpíadas a fez retomar os treinos.  “Eu abro mão de muita coisa pelo tiro. Mas foi um estalo, uma vontade de voltar a fazer isso. As Olimpíadas representam oportunidades grandes, e participar sendo o país-sede é uma oportunidade única. Não quero só participar, quero fazer o meu melhor e quem sabe ganhar uma medalha”.


Médico recomenda cuidados, mas não prevê riscos para atleta grávida na Olimpíada
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Na vida agitada da sociedade atual, o sonho da maternidade deixou de ser unânime entre mulheres. Porém, na grande maioria, o instinto maternal ainda fala mais alto e elas se desdobram para acumular funções e dar conta do recado. No caso das atletas não é diferente. Elas tomam cuidados básicos, mas não perdem o pique.

A malasiana Nur Mohamed Suryani Taibi, atleta do tiro de 29 anos, é um exemplo disso. Grávida de oito meses, ela é uma das atrações do primeiro dia de disputas dos Jogos Olímpicos de Londres e entrará em ação neste sábado. Mesmo com o incômodo do “barrigão”, que em breve dará luz a uma menina (Dayana Widyan), Taibi, que já é a primeira mulher da Malásia a disputar uma Olimpíada, pode fazer história e conquistar uma inédita medalha de ouro para seu país.

No entanto, se você acha loucura a participação de Taibi nos Jogos de Londres, os especialistas não veem tantos problemas assim para mulheres que já pratiquem esportes com frequência.

“Para a atleta que já é atleta não existe risco, a não ser que ela gere alguma patologia durante a gestação. É uma paciente que já é treinada para aquilo. Quando não tem prática, o risco é maior”, explica o ginecologista e obstetra Anderson Zei, ouvido pelo Salto Alto.

De acordo com Zei, a atividade física é algo importante para as gestantes, sejam elas atletas ou não. O especialista recomenda ainda exercícios na água, que causam pouco impacto. “Atividades que diminuam o impacto e que sejam aquáticas já funcionam como uma fisioterapia pélvica de preparação para o parto”, conta.

Nur Mohamed Suryani Taibi estará na disputa da carabina de ar de 10 m, prova que começa às 4h15 e cuja final deve acontecer às 7h (horários de Brasília).

(por Aline Küller)

Leia também: Grávida de oito meses, malaia busca no tiro a primeira medalha de ouro para seu país

Crédito da foto: Rebecca Blackwell/AP Photo

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