Espanhola Boquete reclama de preconceito e tenta emplacar mulheres em game de futebol
UOL Esporte
A disparidade entre homens e mulheres no esporte tem no futebol um de seus exemplos mais gritantes, o que gera constantes pedidos de socorro por parte da ala feminina. Existem poucas ligas no mundo e raros são os clubes de massa que decidem investir nas garotas.
No Brasil, por exemplo, é comum a reclamação por parte de atletas e comissão técnica a cada competição que o time disputa e é derrotado. Sobram palavras como “falta de apoio” e “condições ruins de trabalho”.
O fato não é diferente nem no país que talvez seja hoje o maior polo econômico e técnico do futebol masculino, a Espanha, líder do ranking da Fifa, campeã da Copa-2010 e com os milionários Real Madrid e Barcelona.
As principais jogadoras do país têm que jogar fora. Eis que a principal delas decidiu agir por conta própria para tentar melhorar a situação da classe. Veronica Boquete, 25 anos, é um dos maiores talentos do país e das melhores jogadoras do mundo. Atua com Marta no Tyreso, da Suécia.
A espanhola decidiu ser a porta-bandeira de um movimento para que o futebol feminino seja incluso no jogo Fifa, um dos mais populares do mundo dos games. Ela lidera em seu país um projeto de arrecadação de assinaturas que roda em todo o mundo para que as mulheres tenham vez no jogo ao lado dos craques do futebol masculino.
Mais de 30 mil pessoas já aderiram ao abaixo assinado, criado por uma jovem americana, e que foi difundido por Boquete, que diz acreditar que a popularização depende muito do que a juventude vê.
“Parece besteira, mas não é. Incluir jogadoras no Fifa animaria as meninas que, como eu, amam o futebol e querem desenvolver sua paixão. Creio que que esses jogos são os mais vendidos no mundo. Crianças jogam e ele poderia expor melhor as mulheres do futebol, seria muito importante para a igualdade e para as garotas sonharem com novas oportunidades”, falou ao UOL Esporte.
“Se existe essa possibilidade de melhorar a exposição por um jogo conhecido, vamos tentar. As mulheres podem ser apresentadas em um jogo tão importante”, continuou.
A jogadora ainda fez uma reclamação sobre a visão da mulher no aspecto social tanto em seu país como em outras nações e disse que o futebol feminino é apenas fruto disso.
“A situação na Espanha é marcada pelo machismo da sociedade e enxergam o futebol como esporte masculino. Tem que mudar na base, pelo conhecimento das crianças e pouco a pouco tentar a habituar na base para popularizar. A educação é a chave disso. Quando forem grandes, essas pessoas serão pais e mães e ajudarão a difundir ainda mais.''
“Creio que estamos marcadas na sociedade. A Espanha e os países latinos são muito machistas e enxergam a mulher com menos oportunidades e direito do que os homens. Não temos as mesmas chances, então tudo isso faz que no nosso esporte não melhore e seja mais difícil lde praticar”, desabafou.
JOSÉ RICARDO LEITE
Do UOL, em São Paulo