Atletas do vôlei de praia revelam truques para se proteger do sol nos jogos
UOL Esporte
Com horas debaixo de sol forte na areia quase que diariamente para treinar e competir, as atletas do vôlei de praia tem de tomar um cuidado especial para proteger a pele, principalmente no verão. O maior aliado é, sem dúvida, o protetor solar — fator de proteção 50 para cima — mas na lista de truques e segredos para evitar o envelhecimento precoce e o câncer de pele, entram ainda protetor solar em pó para fazer uma ''máscara'' no rosto, os inseparáveis óculos escuros, viseiras e bonés, roupas com tratamento contra raios UVA/UVB e a tática de correr para a sombra em qualquer intervalo ou oportunidade.
O principal problema em relação à exposição ao sol, de acordo com o que contaram à reportagem duplas participantes da etapa de Brasília do Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia no sábado (11), é que não há tempo de reforçar o protetor solar durante as partidas em competições. Dessa forma, o segredo é caprichar na camada aplicada antes de entrar em quadra e passar novamente o protetor assim que acaba a partida, logo depois da ducha.
''Além de passar muito protetor solar no rosto, passo depois por cima uma camada de protetor em pó, que além de proteger evita que o protetor normal saia quando a pele fica molhada'', explica a jogadora carioca Pauline Alves, de 25 anos, que participou da etapa na capital federal. No vôlei de praia há seis anos, Pauline afirma que se preocupa com o envelhecimento precoce da pele. ''Além do protetor em pó no rosto, quando estou treinando costumo usar uma camiseta de manga comprida com proteção especial contra o sol, é importante se proteger sempre que possível, por que a exposição já muito grande'', diz Bruna Figueiredo, atleta da Paraíba de 30 anos com mais de 12 anos de experiência na praia, parceira de Pauline.
Como no caso do vôlei de praia feminino o uniforme de jogo é um ''top'' com um calção estilo biquíni, os únicos acessórios permitidos que ajudam contra o sol são viseiras, bonés e óculos escuros. Não há tempo definido para a duração de uma partida, que costuma girar em torno de 40 minutos segundo as próprias atletas. A cada tempo técnico ou intervalo entre sets, as duplas correm para baixo de seus guarda-sóis para se refrescar e escapar um pouco do sol.
Na etapa de Brasília deste final de semana, por exemplo, a dupla Aline Lebioda (SC), 23 anos, e Solange Rodrigues (DF), 25 anos, já havia jogado duas partidas no sábado e ainda poderia jogar mais uma, dependendo dos resultados. De acordo com elas, em uma etapa do circuito joga-se até quatro partidas no mesmo dia. ''Não tem jeito, tem que caprichar no protetor solar, é a única coisa a se fazer'', conta Aline, que pratica vôlei de praia há três anos. ''Até pouco tempo atrás eu treinava meio-dia justamente para pegar resistência e aguentar melhor as partidas debaixo de sol forte. Uma viseira e óculos escuros ajudam, mas o principal aliado é mesmo um protetor solar bem aplicado'', diz Solange, que treina vôlei de praia há cerca de quatro anos.
As duas tem a pele bem branquinha e dizem que, se não tomam cuidado, podem se machucar com o sol forte. Solange, que mora em Brasília, diz que nos treinos costuma usar calça de lycra e camisa de manga comprida com proteção contra raios UVA/UVB, além de boné ou viseira. ''Eu não, treino sempre de biquíni na praia, e o que quero é ficar queimada, bronzeada mesmo'', brinca Aline, que vive no estado de Santa Catarina.
De olho no IUV
Durante a última etapa do Circuito Banco do Brasil, realizada no Parque da Cidade em Brasília de sexta-feira (10) a este domingo (12), fez sol e calor na capital do Distrito Federal, mas não tão forte quanto o encontrado pelas atletas em outras etapas do circuito nacional, como em alguma praias do nordeste ou no Rio de Janeiro. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Pesquisas Meteorológicas), a temperatura máxima chegou a 29 graus em Brasília no sábado, com o IUV (Índice UltraVioleta) no nível 13.
O IUV mede o nível de radiação solar na superfície da Terra. Quanto mais alto, maior o risco de danos à pele e de aparecimento de câncer. A partir do nível 8, os dermatologistas recomendam que a pessoa não se exponha ao sol diretamente. No dia 8 deste mês, o IUV chegou ao nível 15 no Rio de Janeiro, recorde histórico.
''Nós somos do Rio, então estamos acostumadas com um sol bem mais forte que este que está fazendo aqui'', diz a jogadora Dani Neves, 29 anos. ''Tem que se hidratar bastante, passar protetor sempre, inclusive no cabelo, protetor especial para a boca, óculos escuros sempre para proteger a vista da claridade, viseira e boné para proteger o rosto, enfim, todo cuidado é pouco para quem vive debaixo do sol'', afirma Natasha Borges, 24, dupla de Dani.
A dupla formada pelas jogadoras Aline de Jesus, 34 anos, e Rafaela Farias, de 25, não se descuida debaixo do sol. Apesar de terem a pele negra e bem morena, respectivamente, ambas afirmam que não deixam de utilizar protetor solar fator de proteção no mínimo 70 antes de ir para os treinos ou jogos. ''O certo seria renovar de meia em meia hora, mas no meio dos jogos não dá tempo e acabamos reforçando de hora em hora mesmo, daí a importância de usar um com fator de proteção alto'', afirma Aline.
Câncer e envelhecimento precoce
Segundo a médica dermatologista Carolina Marçon, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), os principais riscos à saúde que atletas do vôlei de praia estão sujeitos por conta a grande exposição ao sol são o câncer e o envelhecimento precoce da pele, causando o fenômeno da pessoa aparentar muito mais idade do que na realidade possui. ''A situação do atleta é bem complicada, pois muitas vezes são obrigados a se expor em horários não recomendados, embaixo de índices UV altíssimos e sob os quais não há proteção completa'', diz a dermatologista, lembrando que é bom evitar a exposição prolongada ao sol das 10h às 16h.
Para a especialista usar roupas compridas com tratamento anti radiação UV, protetor solar, bonés, viseiras e óculos escuros ajudam a preservar a saúde das atletas. ''Outra coisa muito eficaz também é o protetor solar físico, que passado sobre a pele cria uma barreira entre ela e o sol, diferente dos protetores convencionais que reagem quimicamente e evitam absorção da radiação'', explica a doutora Carolina.
Ela diz que estes protetores especiais (como o em pó usado pela dupla Pauline e Bruna) tem de conter óxido de zinco e dióxido de titânio em suas fórmulas para serem eficazes. A dermatologista afirma ainda que, mesmo durante a disputa de campeonatos, as atletas devem lembrar de passar o protetor solar pelo corpo no máximo de duas em duas horas.