Marido de Fofão detalha vida dedicada à jogadora e revela ‘golpe’ antes do casamento
Salto Alto
No roteiro tradicional da vida de um atleta, normalmente é a mulher que abre a mão da carreira para acompanhar o marido na correria do esporte, atribulada por viagens e treinos. João Márcio, marido da levantadora Fofão, é exceção neste cenário. O ex-bancário largou a profissão e hoje se dedica exclusivamente aos interesses da jogadora da Unilever.
Curioso notar que essa decisão de João Márcio acabou impulsionada por um ‘golpe’ de Fofão antes do casamento, em maio de 2004. A levantadora fechou contrato na véspera da cerimônia com o Perugia, da Itália, e deixou para contar a novidade somente na festa de casamento.
“Ela assinou o contrato com o Perugia um dia antes do casamento, mas eu não sabia. Eu sabia que estavam em contato, mas pensava: ‘se for acertar, vão me falar…’. Acertaram na sexta, aí no sábado, durante a festa, ela falou assim: ‘Preciso falar com você, quero apresentar o Enrico e o Giovanni, são agentes do time do Perugia, da Itália, eu assinei contrato ontem e depois da Olimpíada [Atenas-2004] eu vou para a Itália’”, revelou João em entrevista ao Salto Alto.
E ele garante que não ficou bravo. “O que eu vou fazer, vou ficar triste? Beleza, vamos lá. Ela perguntou se eu fiquei chateado, falei que não, disse que depois pensaríamos nisso”, relembra aos risos.
Após a campanha em Atenas-2004, Fofão foi para a Itália e o marido ficou no Brasil durante o primeiro ano de experiência da levantadora no Velho Continente. “Eu não podia jogar minha carreira para o alto e ela foi sozinha esse primeiro ano, porque a gente não sabia como seria. Ai eu fui de férias, negociei, trabalhei em todas as emendas de feriados e fiquei uns 40 dias de férias lá. Depois quando ela renovou por dois anos, conversamos, negociei com o meu chefe e fui de vez”, conta.
Além de administrar a carreira da campeã olímpica, o marido também assumiu as tarefas domésticas, mas confessa que teve que aprender na marra, já que morava com os pais e tinha o tradicional ‘casa, comida e roupa lavada’.
“Eu sou o chefe da casa, quando estava na Itália eu me virava. Ela ia para o treino, quando voltava eu já tinha feito o almoço e a janta. Mas quando ela chega, ela acaba fazendo alguma coisa, ela manda bem na cozinha. Eu não sabia fazer nada, de vez em quando eu ia para a cozinha, preparava alguma coisa, salgava demais, outras ficavam sem sal, ficava pastoso, aí a Fofão me sacaneava”, diverte-se.
E foi justamente na cozinha a principal dificuldade do casal para se adaptar na Turquia, na temporada 2010/2011 em que a levantadora defendeu o Fenerbahce.
“Eu levei feijão e leite condensado. A Fofão fez brigadeiro para eles. A gente brinca que o preparador físico ficou ‘bravo’, mas foi um dos que mais comeram. Eles não tinham o costume do leite condensado. E também fizemos amizade com o Alex [jogador de futebol], que é rei por lá, passamos até um ano novo na casa dele, e falamos que quando ele quisesse feijão era para ir para casa”, relembra.
Juntos há 17 anos, o casal não tem filhos, mas João Márcio explica que a decisão não foi uma opção dos dois, e sim um ‘atropelo’ da vida.
“As coisas foram acontecendo naturalmente, não foi nada conversado. O foco sempre foi o vôlei, é o que ela [Fofão] ama fazer. As coisas foram indo e a idade chegando, então não tinha como frear a carreira para ter filhos”, argumenta.
A cumplicidade entre o casal é grande e o marido deixa claro que as decisões de Fofão estão em primeiro lugar. Exemplo disso é o apoio de João Márcio à decisão da jogadora de assinar com a Unilever aos 42 anos, após quase um ano longe das quadras.
“Ela precisa disso, ela queria jogar no Brasil, se despedir do torcedor brasileiro. Por isso, fechou esse contrato. Ela adorou e está muito feliz”, conta.
O futebol é o único motivo de briga entre o casal. João Márcio, que chegou a fazer teste na base do Corinthians e no São Paulo, onde treinou com Muricy Ramalho, é torcedor fanático do tricolor do Morumbi, enquanto a mulher torce pelo rival do Parque São Jorge.
“Sai umas piadinhas sem graça. Nas finais da Libertadores, teve aquela gozação, ela saía do quarto, colocava a camisa do Corinthians na hora do almoço para provocar. Mas agora vamos ver se o Chelsea dá uma abaixada na bola deles né, porque antes eles não tinham nada e já era difícil, agora com Libertadores, estádio…”, afirma já projetando o possível duelo entre Corinthians e Chelsea na final do Mundial em dezembro.
(por Aline Küller)