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Anfetamina que ‘queima gordura’ de caso de doping gera dependência e problemas cardíacos

UOL Esporte

Apontada como possível substância utilizada por atletas no escândalo de doping no atletismo, a anfetamina oxilofrina é utilizada em dietas de emagrecimento, mas, sem acompanhamento médico, pode gerar sérios problemas ao seu usuário.

Em entrevista ao Salto Alto, o professor do curso de Educação Física da Universidade de São Paulo e doutor em Nutrição Experimental, Antonio Herbert Lancha Junior falou um pouco sobre esta substância e sobre o efeito que provoca em nosso organismo.

''(A oxilofrina) É um estimulante que age no sistema nervoso central elevando a freqüência cardíaca e deprimindo discretamente a fome. Sua ação em atletas esta relacionada ao aumento do desempenho em atividade de alta intensidade'', explica.

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Por reduzir a sensação de fome e, assim, ajudar no emagrecimento, a oxilofrina parece ser uma boa opção na hora de tentar perder 'alguns quilinhos'. Seu uso, porém, pode causar dependência e sérios efeitos colaterais em nosso organismo.

''Além da dependência pelo uso crônico, ela pode causar alteração de humor, aumento da sobrecarga cardíaca. Se estamos falando de obesos essa sobrecarga cardíaca pode evoluir para várias doenças como a isquemia miocárdica ( má irrigação do músculo cardíaco, decorrente de obstrução da circulação coronária)'', explica Herbert Lancha.

Assim, o uso desta substância só é indicada quando há acompanhamento médico, para que seus efeitos colaterais sejam controlados. O uso de remédios para potencializar a dieta, então, não é descartável, desde que ele seja realmente necessário.

''Existem diversos tipos de medicamentos que promovem a perda de peso. A recomendação deve ser personalizada e dimensionada pelo médico em relação a história do paciente e consequências desse uso''.

No caso de um esportista, como aponta Herbert Lancha, tal substância pode ser benéfica na hora de tentar conseguir melhores resultados.

''Todos nós respondemos diferentemente aos fármacos. O fato é que um indivíduo comum o aumento do desempenho com esse uso não o transformaria em um recordista mundial, já para o indivíduo que apresenta um desempenho excepcional, o uso dessas substâncias pode fazer a diferença entre o primeiro e último lugar em uma prova mundial.''

Segundo o professor da USP, a possibilidade de alcançar índices ainda melhores e 'invejáveis' leva excelentes atletas a 'apelar' para tais substâncias, mesmo que eles já apresentem bom desempenho no esporte.

''As razões desse uso podem ser fisiológicas, metabólicas e até psicológicas, por não confiarem que por si só alcançariam aquele índice'', conclui.

(Por Júlia Caldeira)