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Atleta que sofreu bullying e problema com silicone perde 20kg e fica sarada
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UOL Esporte

Com 1,87 m e 105 kg, Gabi Garcia certamente bota medo em qualquer marmanjo que se coloque à sua frente para treinar. Foi com esse biótipo grandão que a gaúcha radicada em São Paulo virou uma estrela do jiu-jítsu, com direito a oito medalhas de ouro em Mundiais. Mas nem sempre foi fácil lidar com isso. Do bullying que sofria na infância às dificuldades de manter o peso já como profissional, ela sempre passou por transformações. Agora, Gabi controlou o corpo e vive uma versão sarada, justamente no momento em que prepara uma ida ao MMA.

Hoje com 28 anos, a lutadora conta que nunca a expressão “quando eu era menor” para se referir à infância. Afinal, sempre estava alguns centímetros e uns bons quilos acima de seus coleguinhas de turma. E isso, como é comum, gerava alguns problemas de percurso.

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“Eu sofria o tal do bullying, que nem se chamava assim, por ser maior que as outras crianças. Na verdade, eu sempre encarei bem, nunca tive problema com o meu tamanho e o esporte me ajudou a aceitar isso. Mas crianças são terríveis, então me provocavam e eu batia nelas”, conta a lutadora.

Tendo praticado diversas modalidades – ela até jogou hóquei profissionalmente -, Gabi se encontrou no jiu-jítsu. Um tio lutava e a chamou para ela extravasar aquela energia de briguenta no tatame. E deu certo. Uma a uma, ela começou a ganhar suas competições, sempre impulsionada pelos treinos quase que exclusivamente com outros homens.

Uma das mudanças no corpo, que teria um maior impacto anos depois, foi uma cirurgia estética para colocar próteses nos seios, aos 17. Como o esporte deixa o corpo masculinizado, segundo ela, foi uma decisão apenas para manter seu lado feminino em evidência.

Por outro lado, o peso acabou sendo um problema em alguns momentos da carreira. Há cinco anos, Gabi chegou a pesar 125 kg. E viu isso atrapalhar seus resultados.

“Perdi a primeira vez no Mundial com esse peso e não conseguia mais ganhar. As pessoas me julgavam. E eu resolvi baixar”, explica ela, que à época conseguiu evoluir sua condição física e começar sua série vitoriosa.

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Mais recentemente, aquelas próteses de silicone colocadas aos 17 tiveram de ser trocadas – pelo prazo e por conta de um deslocamento – e mais uma vez ela se viu fora de forma, por descuido. “Eu acabei engordando e não conseguia recuperar o peso. Eu comia muito doce, depois de campeonato, comia bastante”, detalha Gabi, que não chegou a ficar pesada, mas notou a diferença por uma grande mudança no percentual de gordura.

Seu técnico de jiu-jítsu, Fabio Gurgel, entrou em ação e a encorajou a seguir uma dieta mais restrita. Gabi passou um tempo treinando em Nova York, voltou ao Brasil e conseguiu recuperar o corpo sarado de outrora.

“Estou bem feliz, estou do jeito que quero. Me sinto forte, rápida, faço posições que não conseguia, meu jogo evoluiu. Eu sou forte por natureza, então preciso buscar explosão e resistência e estar com um percentual de gordura mais baixo é importante para isso. Não ligo para o peso, mas sim para o percentual de gordura”, explica ela.

Treinos fortes são de olho no MMA

Gabi Garcia é uma das poucas lutadoras – e até lutadores – que pode dizer que vive bem com o que o jiu-jítsu paga. A realidade da maioria é diferente, e muitos vão em busca do MMA para pagar suas contas. Ela também pensa na mudança, mas diz que não é por dinheiro.

  • Serginho Moraes, vice-campeão do TUF Brasil 1, é um grande amigo de Gabi Garcia e um dos incentivadores da lutadora. “Um dia vi ele fazendo manopla, treinando boxe, e falei: ‘preciso treinar isso também, é lindo’.”


“Gosto de lutar, de competir, e este é um novo desafio. Tomar porrada na cara é diferente, eu tenho de me adaptar muito. Mas minha família quer, eu sempre quis lutar e treinando boxe estou gostando mais ainda. É pelo desafio, não por dinheiro, ou porque sou obrigada a migrar”, esclarece.

Em 2013 a brasileira teve um ano cheio de vitórias, como no Mundial, no Pan e no ADCC. E 2014 pode marcar uma nova fase. Gabi não tem data para estrear. Seu peso ainda é uma grande dificuldade no MMA e ela aguarda que eventos como o Invicta, só para mulheres, abram categorias mais pesadas – ela deve lutar com 95 kg, perdendo dez do peso atual que tem.

Ela tem treinado no Corinthians boxe e muay thai e prepara sua trocação para estar pronta quando as oportunidades surgirem. “Estou esperando acontecer, mas não posso ficar parada. É um passo de cada vez, treino como se estivesse treinando para campeonato, dois períodos por dia, estou focada em aprender tudo nessa nova fase. Sei que há menor rotatividade neste peso, mas vejo muitas meninas do jiu-jítsu indo para o MMA e acho é questão de tempo para virar uma realidade”.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo


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