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Cyborg rebate críticas sobre corpo masculinizado: ‘disputo MMA e não balé’
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140514crismontagemCrédito das fotos: MF Models

Cris Cyborg se diz acostumada a ouvir comentários negativos em relação ao corpo. Os músculos avantajados distribuídos em 1,63m de altura não se enquadram ao padrão de beleza imposto pelas capas de revistas. A lutadora não se importa. Ou melhor: sorri ao ser questionada sobre o corpo. A curitibana de 28 anos encara como um estímulo quando é comparada a um homem.

“Se quiser ser alguém no MMA, tem que treinar igual aos homens. O público não quer ver mulher puxando cabelo. Tem que ser agressiva”, frisa.

“Quem não pensa em treinar duro no MMA, que faça balé. Disputo MMA e não balé”, resume.

Para a campeã dos peso-pena do Invicta (Liga feminina norte-americana de MMA), o corpo robusto é sinal de que os treinamentos estão surtindo efeito.

“Sou muito feliz com meu corpo. Eu tenho corpo de atleta. Alguém já viu como é o corpo de uma atleta de heptatlo, ou de handebol? Não tem como comparar com o corpo de uma mulher que não faz esporte. Sou forte porque sou atleta”, diz a lutadora, por telefone, dos Estados Unidos.

Dana White, presidente do UFC, disse recentemente que Cris teria exagerado nos esteróides a ponto de ficar parecida com o lutador Wanderlei Silva. Cris relevou o comentário.

“Se a ideia dele foi me ironizar, ele só me incentivou a treinar cada vez mais”, respondeu.

No fim de 2011, Cyborg foi suspensa por doping, perdendo cinturão após vencer a japonesa Hiroko Yamanaka. Ela disse na época que passava por processo de emagrecimento e não sabia que uma das substâncias presentes no diurético era dopante. Cyborg ficou um ano e quatro meses sem lutar.

Paralelamente à intensa rotina de treinamentos, Cris Cyborg reserva espaço para se cuidar. Os cabelos e as unhas são tratados em um salão de beleza em San Diego, onde vive.

“Em época de preparação à luta, a barriga fica sequinha, eu perco o ‘bundão’ e também perco músculo sem perder força”, detalha.

A atenção às unhas e cabelos terminam quando entra no octógono.

“Sempre treinei duro e não uso proteção no rosto. Levamos porrada mesmo”.

Apesar de ter desafio agendado contra Ediane “Índia” Gomes para agosto, pela Invicta, Cyborg faz planos de enfrentar Ronda Rousey pelo UFC.

Cyborg sabe que só conseguirá acesso na categoria mais nobre do MMA se conseguir chegar a 61 kg, peso máximo exigido. Alcançar esse peso é uma tarefa árdua para a lutadora. Em períodos sem luta, Cyborg pesa entre 72 a 75 kg.

“A Ronda sabe que se eu chegar ao UFC eu vou atropelar ela”, avisa Cyborg.

Bruno Thadeu

Do UOL, em São Paulo

Tags : mma ufc


Elas são feias e incomodam, mas as lutadoras não vivem sem: as trancinhas
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UOL Esporte

Ser uma mulher e lutar não é fácil. O preconceito ainda é grande, os sacrifícios perto do que passam os homens é ainda maior e manter a feminilidade quando se está pronta para se atracar com uma rival é quase impossível. Um detalhe fundamental para a maioria das competidoras é: o que fazer com o cabelo? A solução costuma ser apostar nas trancinhas, o ‘look’ mais usado no octógono do UFC – e algumas vezes até por homens.

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E as trancinhas não solucionam nenhum daqueles problemas, admitem as lutadoras. A obrigação de terem seus cabelos firmes e bem amarrados para que eles não atrapalhem na hora da ação acaba jogando contra as garotas mais preocupadas com o visual: “eu acho muito feio”, admite a adepta do penteado Bethe Correia, uma das brasileiras do UFC.

O UFC não determina como lutadores de cabelo comprido devem agir. Isso fica a cargo das comissões atléticas que regulamentam o MMA no local das lutas, mas poucas vezes há exigências neste sentido. Acaba partindo dos próprios atletas a tendência de apostar nas trancinhas como melhor forma de segurar os fios.

Bethe Correia, número 12 no ranking feminino e invicta em sete combates, costuma fazer as trancinhas em parte do cabelo, completando o visual com rabo de cavalo. Mas nada disso a convence de que vai “arrasar” no visual no octógono.

HOMENS TAMBÉM ADEREM

  • Não são só as mulheres que aderem aos penteados, trancinhas e elásticos no cabelo. O mais famoso a usar o artifício é Urijah Faber – que já lutou pelo cinturão com Aldo e Barão. Um caso famoso foi o de outro cabeludo, Clay Guida, que costuma ir ao octógono com os seus fios bagunçados, num estilo mais “ogro” de ser. Contra Gray Maynard, a equipe do rival entrou com um pedido na comissão atlética de New Jersey para evitar que ele lutasse com os cabelos soltos. Guida teve de obedecer e assim surgiu este visual da foto acima.

“Eu não acho bonito não, eu acho muito feio! Acho que fico feia, eu acho que todas ficam feias. A gente fica com a cara meio modificada, perde a feminilidade todinha. E além de tudo incomoda. Puxa um pouquinho. Eu mando fazer bem firme mesmo: ‘bota tudo aí para não soltar nada’. Mas você se acostuma”, conta Bethe. “É o jeito. Eu sou vaidosa até um certo limite, mas na hora da luta as coisas são tensas. Não dá pra pensar nisso.”

A paraibana de Campina Grande já chega à semana de lutas pensando em como vai ajeitar os cabelos. Por sorte, ainda não teve de tentar compor o visual sozinha.

“Eu sempre levo comigo um kit de presilhas, caso precise eu mesmo fazer. Logo que chego no hotel em semana de luta, eu vou a salões de beleza próximos ao hotel e quando tem alguém que faça eu já marco um horário”, conta ela, antes de explicar. “Não tem como lutar sem estar com o cabelo bem firme e amarrado. Qualquer coisa que caia no olho você naturalmente vai mexer, então é uma distração que pode te fazer levar um golpe.”

Bethe acaba usando as sessões no salão de beleza quase como um spa relaxante. “Demora um pouco para fazer, geralmente fico duas ou três horas. Então, geralmente eu vou no dia da luta. Acordo de manhã, tomo meu café da manhã reforçado e vou para o salão. Sempre aproveito para fazer manicure e pedicure – luto sempre com as unhas feitas – e é um momento para relaxar. Dá para refletir, distrair a mente, é melhor do que ficar no hotel, pensando só na luta”, afirma ela.

Jéssica Andrade, mais uma brasileira do Ultimate e atualmente nona no ranking, também usa as trancinhas, mas as faz em versão mais “light”. Ao chegar ao hotel antes dos combates, ela pede ajuda da organização para encontrar alguma cabeleireira e passa cerca de meia-hora no dia da pesagem ou da luta ajeitando as madeixas. E não se incomoda com o resultado.

“Atrapalha menos, segura melhor o cabelo e não deixa desarrumar. Eu acho que fica legal, mais apresentável. O cabelo não fica subindo e deixando aquela bagunça”, ri Jéssica.

Uma coisa em comum entre as lutadoras é o momento prazeroso após uma vitória: quando podem dar liberdade aos cabelos.

“Eu fico doida para tirar logo, e dá um trabalho! Fico um tempão tirando, às vezes arranca até tufo de cabelo junto”, diz Bethe. “Mas é uma das primeiras coisas que faço: soltar meu cabelo, tomar um banho e ficar bem livre mesmo, acabar com toda aquela tensão da luta.”

Jéssica Andrade venceu recentemente Raquel Pennington por pontos e ainda não tem compromisso. Bethe vem de triunfo contra Julie Kedzie e retorna em 26 de abril contra Jessamyn Duke.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo


Novo campeão puxa fila das barbas e bigodes mais estilosos (ou não) do MMA
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Quem disse que lutadores de MMA são apenas brutamontes que só querem saber de trocar porrada e não ligam para o visual? Muito pelo contrário. Exemplo disso são as dezenas de lutadores que apostam em barbas, cavanhaques e bigodes para compor o visual, dos estilos mais discretos aos mais escandalosos.

Um exemplo que puxa a fila dos barbudos é o mais novo campeão do UFC, Johny Hendricks, que no fim de semana derrotou Robbie Lawler para faturar o cinturão dos meio-médios. A barba cheia do norte-americano já virou tradição mas ficou sob risco de sumir após a pesagem oficial. Hendricks não atingiu o limite da categoria e teve duas horas para perder os 700 gramas extras. E cogitou se livrar dos pelos faciais para ver se isso ajudava. No fim, não precisou fazer o sacrifício.

Veja no álbum as barbas mais estilosas, as mais ousadas e as mais vexatórias dos lutadores do MMA. E não deixe de comentar: qual sua preferida? E qual merece uma lâmina sem dó?


UFC ganha toque feminino, mas americana vê preconceito ao tratar lutadores
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UOL Esporte

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo

Sem o destaque dos lutadores ou o glamour das ring girls, há uma função discreta, mas importante dentro dos ringues de MMA: a dos cutmen, os responsáveis por cuidar de ferimentos e garantir a integridade física dos competidores. O UFC recentemente ganhou a adição de sua primeira mulher neste campo geralmente dominado por homens. É a cutwoman Swayze Valentine, uma mãe (solteira) de dois garotos, nascida no Alasca e de belos traços, que faz com que seja difícil acreditar que passe sua vida enfaixando mãos e limpando sangue. Mas é exatamente disso que ela gosta – apesar do preconceito de muitos lutadores e técnicos darem trabalho para ela.

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O primeiro desafio de Swayze é conquistar os próprios profissionais do MMA. Há os dois lados, admite ela: alguns não gostam e não querem uma mulher enfaixando suas mãos ou em seus corners; por outro lado, outros já gostaram tanto que não se importaram de esquecer a adrenalina do evento e flertar com a cutwoman.

“Agora que mais pessoas me conhecem, eles conhecem meu trabalho e a maioria dos lutadores não vê problemas quando apareço para fazer as bandagens. Mas há técnicos e lutadores que não querem que eu toque neles! Em outros casos, lutadores e técnicos já deram em cima de mim… Acho que faz parte do trabalho (risos)”,  contou a bem humorada Swayze, ao blog.

Apelidade de Rainha dos Cortes, Swayze fez sua primeira aparição no UFC 170, que teve como protagonista a campeã peso galo Ronda Rousey. Mas a jornada nos corners já se estende por sete anos. Tudo começou quando ela foi despretensiosamente assistir a um evento de MMA e viu em sua frente a profissão que queria para seguir carreira. Naquele ponto não era o sangue que a atraia, mas poder fazer parte do show e ser a responsável por deixar os punhos dos lutadores prontos para a ação.

“Minha paixão por tudo isso começou em 2006, quando fui ao meu primeiro evento de MMA. A atmosfera era intensa, é viciante. Eu pude ir para os bastidores e então vi um técnico enfaixando as mãos dos lutadores, preparando as bandagens que ficam sob as luvas. Eu soube bem ali: era aquilo que eu queria fazer”, disse a cutwoman. “Para mim, não há honra maior do que enfaixar as mãos de um lutador. Eu podia ser a primeira ou a 15ª cutwoman no UFC. Não importa, eu estou muito animada só de meu sonho virar realidade. Mas é especial ser lembrada desta forma.”

OS SEGREDOS DA BANDAGEM

Decidida, ela começou a frequentar mais eventos, foi a academias e conheceu diversos cutmen. Como não é necessária formação em medicina ou qualquer outra especialidade, Swayze usou vídeos da internet para copiar nomes já respeitados no cargo, como um dos seus mentores, Jacob “Stitch” Duran, e fez tudo o que podia para se aperfeiçoar na arte de enfaixar as mãos dos lutadores. E se esta parte é sua preferida, lidar com inchaços e ferimentos também não soam como algo ruim para ela.

“Sangue e cortes nunca me incomodaram. Eu cresci no meio disso. Meu pai era bombeiro e também socorria emergências, meu irmão era policial. Sempre esteve no meu sangue”, explicou a bela de 28 anos.

“Passei a viajar sem parar para crescer na profissão. Foi quando em janeiro meu telefone tocou e era o chamado do UFC. Fiz o UFC 170 e terei o privilégio de estar no UFC 171 também”, acrescentou Swayze, que em sua estreia não teve direito a muito: esteve no corner de apenas uma luta e não precisou cuidar de nada grave – “o que é ótimo”, salienta. Ela teve também passagens por eventos como Bellator e World Series of Fighting e sonha poder acompanhar o UFC em uma “descida” ao Brasil.

O segredo do trabalho é simples. Ao menos na teoria: manter a serenidade, para o lutador também ficar calmo, trabalhar rápido e garantir sempre sua a integridade física, minimizando os danos. Apesar de não competir, Swayze treina artes marciais regularmente para conhecer da melhor forma possível a realidade dos lutadores.

Do Alasca para Las Vegas

“Crescer no Alasca é uma experiência única! No verão, é tudo lindo e você tem 23h de luz do dia. Mas no inverno são 20h no escuro. Nove meses de neve e gelo. Mas é um lugar lindo o ano todo, há muito o que fazer, principalmente explorando a natureza. Eu adorava andar de snowmobile, é muito divertido”, contou Swayze, sobre sua infância.

A norte-americana já pensou em trabalhar como veterinária ou como oncologista, ajudando adultos e crianças com câncer. Mas mudou totalmente o foco. Hoje ela tem de dividir o tempo entre as viagens como cutwoman e a criação dos dois filhos. Tudo isso enquanto ainda atrai atenção por onde passa pela beleza.

“Tenho dois lindos garotos e tenho de dividir meu tempo como posso. Sempre que estou longe tento refletir como ser uma mãe melhor na volta”, disse Swayze.

“Nunca trabalhei como modelo, mas gosto de tirar fotos. Acho que a beleza não tem impacto na carreira. Eu foco na segurança dos lutadores. Se as pessoas me acham bonita, ótimo também. Estou solteira e sou muito ocupada, então é difícil achar alguém que fique ok com isso. Mas estou bem”, completou a loira.


Duas mortes e um parto: desafiante leva cicatrizes e superação ao UFC 170
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Quem vê o sucesso profissional de Sara McMann, vice-campeã olímpica e hoje desafiante ao cinturão do UFC, pode não imaginar o que ela superou para ir tão longe. Neste sábado, a norte-americana encara Ronda Rousey no UFC 170, indo de braços abertos para tentar conquistar um ouro que bateu na trave em Atenas-2004. Nesta jornada como lutadora, os maiores desafios que Sara viveu foram fora do esporte. Ela teve de lidar com as mortes trágicas do irmão e de seu noivo e foi só quando virou mãe que reencontrou a paz.

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Muito antes de sequer imaginar que poderia ir parar no MMA, Sara foi uma talentosa praticante de luta olímpica, destacando-se desde jovem na modalidade e dando passos claros de que só teria competição, de fato, participando de uma Olimpíada. Isso de fato aconteceu, em 2004, quando ela ficou com a medalha de prata em Atenas. Mas àquela altura, a vida já lhe trazia surpresas e algumas amarguras difíceis de se combater.

Em 1999, a norte-americana viu seu irmão, Jason, desaparecer. Por três meses aguardou uma confirmação, e ela veio. Jason foi morto aos 21 anos, num assassinato que chocou a família e resultou na prisão e condenação do responsável pelo crime. A sentença foi dada em 2004, coincidentemente o ano em que Sara fez seu voo mais alto.

Mas o ano de 2004 reservou outro capítulo cruel à vida da vice-campeã olímpica. Ela estava de mudança para morar com seu namorado, Steve Blackford, que também disputou a luta olímpica nos Jogos realizados na Grécia, quando perdeu o controle de seu carro. O acidente grave e o fato de nenhum deles usar cinto fez ambos serem ejetados do carro. Blackford morreu. Sara, a motorista na ocasião, foi internada com um braço quebrado e se recuperou bem.

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“Emocionalmente, é como perder um membro do corpo. Você nunca o terá de volta… Você não é mais a mesma pessoa”, tentou explicar Sara, em entrevista à Fox Sports dos EUA. Apesar disso, ela comprovou que ainda que tenha ambos sempre na lembrança “seres humanos são extremamente adaptáveis”.

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Por muito tempo, Sara considerou sua medalha de prata uma derrota nas Olimpíadas. Seu choro no pódio, em Atenas, mostra bem isso. Mas, com o passar dos anos, a lutadora conseguiu criar um orgulho pelo que criou. Muitas das lições que ela tirou vem da maternidade.

Há oito anos a peso galo está em um relacionamento com Trent Goodale, técnico de luta olímpica. Há quatro, ganhou um presente maior que uma medalha ou um cinturão: a filha Bella.

“Tudo por que passei, ser exposta à mortalidade, ajudou a definir que vida quero levar e o que quero ter. Também me ajudou a priorizar. Parte da minha falta de desejo por dinheiro e fama é por conta do desejo de passar o máximo de tempo possível com a minha família e criar memórias que importem. No leito de morte, ninguém quer mais dinheiro ou fama”, explica ela, hoje com 33 anos.

O UFC 170 acontece neste sábado, a partir das 21h (de Brasília). O card principal começa à 0h.


Árbitra de MMA usa experiência de engenheira no ringue e mira UFC
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(Foto: Francisco Brasil/Eventosmma.com.br/Divulgação)

Mariana Faria, engenheira de 24 anos, poderia ter resumido seu gosto por lutas a treinar muay thai por diversão e assistir ao UFC na TV. Ou até virar lutadora. Mas não. Hoje a paulista divide seu tempo entre o seu trabalho regular e um sonho mais ousado: de ser a primeira brasileira a arbitrar uma luta do UFC. A jornada é recente, começou em maio, mas com pulso firme e jogo de cintura, ela tem chamado atenção dentro e fora do ringue.

O fato de ser mulher não passa em branco. “É verdade, já ouvi alguns xavecos. Tem pessoas que vem, elogiam, mas prefiro pensar que não tem relação por eu ser árbitra. Tem de saber dosar, ter jogo de cintura”, conta ela, que cuida para minimizar este fator.

“Meu trabalho é o mesmo (que o dos homens). Não posso aparecer no evento com uma roupa decotada, já me perguntaram por que não uso roupa de ginástica. Árbitro já usa roupas mais fechadas e veste preto para não se destacar. Há essa preocupação”, explica Mariana.

Mas essa luta contra os rótulos e as dificuldades de ser uma mulher é comum para ela e passa quase despercebida. Afinal, desde os 15 anos ela trabalha no ramo da engenharia, normalmente apenas lidando com homens.

“Eu me relaciono o tempo todo com homens. Sempre fui a única mulher. Trabalho com engenharia de produção em uma empresa automotiva e, para eu colocar em prática minhas ideias, tenho tenho que pisar firme e me impor. Tenho que ser muito concentrada. E é assim como árbitra também”, diz a jovem.

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A relação de Mariana com as lutas começou por meio de uma amiga. Ela acabou indo parar no muay thai e não parou mais de treinar. Tem interesse, inclusive, de ser lutadora, mas a falta de tempo a impede, já que se divide entre os estudos, trabalho e agora a carreira de MMA.

Enquanto treinava, a paulista teve a oportunidade de fazer um curso de arbitragem, gostou e apostou em investir nisso. Para desgosto da família, a princípio.

“Minha mãe sempre achou que fosse área mais para homem. ‘Você vai apanhar’, ela falava. E eu explicava que não sou lutadora, sou árbitra. Mas hoje ela já é superempolgada e meus pais me incentivam, dizem que tenho o perfil para isso”, conta Mariana, que fez o curso em novembro de 2012. Ela diz que conhece outras árbitras, mas que foi a primeira certificada  do país – pela confederação brasileira de muay thai.

VEJA MARIANA EM AÇÃO EM LUTA COM NOCAUTE EM 19 SEGUNDOS
 

A oportunidade de estrear foi em maio, no Evolution of Fighters. “Teve quatro lutas de MMA e eu arbitrei duas delas. Depois disso, também já fiz lutas femininas”, detalha ela. “A primeira sensação foi de receio. Eu queria fazer a coisa certa e queria que nada acontecesse com os lutadores, que é sempre nossa primeira intenção. Fiquei ansiosa, mas separei bem as coisas e deu tudo certo.”

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Mariana conta que, uma vez no ringue, a concentração é tanta que nem se presta atenção ao barulho de fora. Nem os elogios, tão pouco as críticas. “Não sei dizer se chega a haver preconceito, mas o pessoal não está acostumado. Ou admiram, por ser diferente, ou já pensam: ‘não vai dar certo’. Já houve atletas e técnicos que não aceitaram minhas decisões, mas estou preparada para isso também.”

A árbitra elege como ídolos o veterano “Big” John McCarthy, conhecido por estar no UFC desde os primórdios, e Roberto Thomaz, o Robertão, que a acompanha e é o principal mestre da jovem. Luta a luta, ela tenta subir os degraus para realizar seu maior sonho.

“Com certeza eu quero chegar ao UFC. Temos a oportunidade de ser vistos pelo mundo todo, então eu poderia mostrar meu trabalho, o trabalho das mulheres e que temos grandes profissionais aqui no Brasil”, concluiu ela.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo


Mulheres viram babás de lutadores do MMA e até dão comida na boca
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Diz o velho ditado que ‘por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher’. No mundo do MMA, o clichê cai como uma luva. Os lutadores podem ser grandes, fortes e despertam medo em muito marmanjo. Mas em casa, eles se rendem aos cuidados das esposas, especialmente quando sofrem com lesões e machucados.

Os mimos são os mais diversos possíveis. Elas chegam a dar banho, dão comida na boca, trocam curativos, fazem compressas de gelo e, admitem, se sentem babás de grandes ‘bebezões’.

Mauricio Shogun vai enfrentar Chael Sonnen no UFC on Fox Sports 1, em agosto, em Boston-EUA. Independentemente do resultado, ele sabe que será muito bem tratado quando voltar para casa. A mulher Renata Rua não deixa passar um só detalhe para que ele possa se recuperar rapidamente após as lutas e se concentrar apenas no trabalho.


“Tem que dar atenção e cuidar de tudo. Passo gelinho, pego gelo e coloco a faixa no joelho, no ombro. Sempre dou comida na boca, água na cama, fico o dia inteiro servindo. Mauricio é meu ‘bebezão’. É muito manhoso e dengoso, fala ‘ai que dor’, quer carinho, principalmente depois de derrota”, diz ela, que saiu da sua cidade Maringá-PR para morar em Curitiba, abandonou o trabalho e hoje se concentra nos cuidados com o marido e a pequena filha Duda, na administração dos negócios e das contas família.

A preocupação é tamanha que Renata só faz questão de não estar presente em um momento da vida de Shogun: nas lutas. O medo de ver o amado machucado é tão grande que durante todos os confrontos ela fica em casa, sempre ajoelhada e rezando.

“Eu fico mais no meu cantinho e ajoelho para Deus protegê-lo. Não gosto de ficar com ninguém, só com minha a mãe para ela cuidar da Duda. Nas duas últimas lutas, ele veio com o olho machucado, me dá muita agonia, fico pensando nas sequelas que isso pode ocasionar futuramente. A única coisa que me resta é pedir saúde e vida abundante para o meu maridinho”.

Barbara da Costa confessa que mima o marido com banho e cuidados de babá

 

A dedicação minuciosa é comum entre as famílias do MMA. Mulher de Viscardi Andrade, que participou do TUF Brasil 2, Bárbara da Costa se dedica quase integralmente ao marido, mesmo tendo que se dividir entre o trabalho como assistente de palco do programa ‘O Último Passageiro’, da Rede TV, os afazeres domésticos e as contas para pagar.

O cuidado aumentou depois que Viscardi sofreu uma grave lesão na mão direita nas quartas de final do TUF. “Faço de tudo, dou banho, troco curativo. Ele fez uma cirurgia e ficou com a mão direita debilitada. Ajudo a trocar de roupa, levar até o banheiro. Homem fica igual criança, né? Fico de babá. Controlo horário de remédio, dou remédio. Ele é muito teimoso, em uma semana já queria tirar o gesso, mexer a mão. Fico de olho”.


Apesar de praticamente todos os lutadores casados terem seus mimos, poucos têm a sorte do argentino Santiago Ponzinibbio, que chegou à final do TUF Brasil 2. A esposa Rafaela é enfermeira e acompanha de perto todos os procedimentos médicos para deixar o marido mais confiante.

“Ele gosta que eu fique perto. Acho que sente mais seguro. A profissão ajuda porque tenho conhecimento técnico e cientifico sobre essas questões de saúde. A gente não se assusta tanto com as coisas que acontecem, sabemos que um corte é normal, não fico apavorada. A gente sutura, faz curativo, às vezes precisa marcar médico, fisioterapia, são coisas que eu já faço. Se for preciso, levo na emergência”.

Santiago não pôde atuar na final do TUF porque fraturou o osso do antebraço. E lá estava Rafaela acompanhando todos os passos. “Nessa última cirurgia no braço, tive que fazer curativo, massagem no braço para drenar, a fisioterapeuta me passou alguns exercícios”.

Cigano ganha cuidados da ex-mulher

Vilsana Picolli não faz mais parte do seleto grupo de esposas dos atletas do MMA, mas entende bem da função. Ela foi casada com o ex-detentor do cinturão do peso pesado do UFC Junior Cigano por dez anos e, mesmo após a separação, ainda se dedica ao lutador. Vilsana agencia a carreia do atleta e continua adotando cuidados médicos.

“Em função das possibilidades de lesões durante os treinos ou lutas, buscamos uma melhor assistência ao Junior com acompanhamento medico, exames semanais  e diários com acompanhamento de fisiologista em todos os treinos. Temos nutricionista com suplementação e alimentação  específica para ele, além de treinos controlados pela equipe. Tentamos evitar que as lesões aconteçam, mas, claro que se isso acontecer, a preocupação é geral e todos sofremos e nos preocupamos com a melhora para que não prejudique os treinos e nem a luta”.

Por Luiza Oliveira


‘Dieta mágica’ do MMA elimina 15 kg em uma semana, mas pode matar
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UOL Esporte

Imagine como seria eliminar até 15 quilos em apenas uma semana e sair desfilando um visual totalmente novo por ai. É mais ou menos isso o que muitos atletas do MMA chegam a perder antes do combate. Mas a realidade, segundo os especialistas, é que a “dieta mágica” dos lutadores pode até levar à morte se for usada por “pessoas normais”.

“Uma pessoa comum pode morrer. A desidratação é algo sério, e a perda brusca de sais minerais pode levar a uma parada renal e à morte. Não aconselhamos ninguém a tentar nada parecido. O atleta profissional é preparado para algo assim, treina durante meses para isso, não é para qualquer um”, comentou Rogério Camões, preparador físico de lutadores como Anderson Silva e Ronaldo Jacaré.

Mas como funciona essa perda de peso? E por que os lutadores se sujeitam a ela? A fórmula é bem simples, na teoria, combinando cortes na alimentação com um processo de desidratação severa do corpo. Os atletas passam pelo processo justamente para estarem mais pesados e fortes na hora do duelo. Com isso, podem ter alguma vantagem na luta.

Os lutadores começam a restrição alimentar cerca de uma semana antes do confronto. Eles diminuem o consumo de carboidratos, principalmente aqueles com altos índices glicêmicos, como pães e bolachas, sem parar com os treinamentos.

O campeão dos penas do UFC, José Aldo, chega a eliminar 10 kg na semana da luta, por exemplo. Nos dias que antecedem o combate, ele restringe sua dieta a alimentos como peito de frango, claras de ovo e algumas frutas antes dos treinos. Já no dia da pesagem ele realiza a desidratação (conforme mostra o vídeo abaixo) para finalmente atingir os 66 kg da sua categoria.

 

A perda de líquidos no dia da pesagem é com certeza a etapa mais perigosa de todas. Eles desidratam o corpo na sauna e ou na banheira quente sem ingerir nada e eliminam o máximo de água e sais do corpo quanto for possível. Vale lembrar que a perda de peso varia dependendo do tipo físico de cada lutador.

“A desidratação não é apenas uma questão física, o lutador tem que estar adaptado. Tem atletas que não se sentem bem. Mas alguns realmente extrapolam e chegam a perder até oito quilos fazendo apenas a desidratação. Mesmo assim, é algo para profissionais e pessoas acostumadas. Quem não está, pode morrer”, ressaltou o preparador Rafael Alejarra.

“Você ajeita o lutador ao longo de todo o treino para esse corte. O que é mais fácil de tirar e repor antes da luta? A água – ao contrário de gordura e músculos. Se não estiver com pouca gordura no corpo, ele não vai aguentar o corte. É por isso também que pessoas normais não podem fazer isso”, completou Camões.

Passada a pesagem um dia antes da luta, os atletas recuperam boa parte do que perderam. Voltam a ingerir líquidos e carboidratos em grandes quantidades e alguns chegam até a infiltrar soro na veia para ajudar a reidratação, principalmente nas primeiras horas após subirem na balança. Quando finalmente chega a hora da luta no dia seguinte, eles já recuperaram cerca de 70% de todo o peso eliminado.

“O corte de peso já fica automático depois que você faz algumas vezes. Não é muito fácil, mas já estamos acostumados. As pessoas falam que tenho problemas, mas a minha perda é muito bem controlada e isso não existe”, comentou José Aldo antes de seu último combate, contra Frankie Edgar, em fevereiro.

*Por Rodrigo Farah

Crédito da foto: UFC/Divulgação