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Arquivo : abril 2014

Ela atira com calibre 12 e dobra o Exército. Tudo pela vaga olímpica
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UOL Esporte

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Quem entende de arma conhece o poder um ‘calibre 12’. Sabe que é um dos mais potentes que existem e que o tranco causado pelo disparo pode derrubar o atirador.  No imaginário popular, é arma que mata elefantes. Daniela Carrara aguenta o tranco. Literalmente.

Uma das principais atiradoras do país empunha sua espingarda calibre 12 com maestria. É com a mesma maestria que ela enfrenta o preconceito e assusta muito marmanjo por trabalhar quase diariamente com uma arma de fogo. Enfrenta também as burocracias para ter o aval do Exército e poder transportar seu equipamento livremente. Todo o esforço por uma meta bem definida: defender o Brasil nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

“O calibre 12 é conhecido pela população como um calibre que dá muito tranco. Os homens arregalam o olho e dizem que é arma de matar elefante. Já vi repórter de televisão dizer isso, mas não é verdade. Muitos me perguntam: ‘Você não cai para trás?’. Não, eu não caio para trás. A pessoa que nunca atirou, aí sim vai cair para trás”, conta.


Daniela tem 29 anos recém-completados e há mais de 20 se aventurou no tiro esportivo, desde que se apaixonou pelo esporte por influência de seu pai, um descente de italianos. Em todo esse tempo, ouviu brincadeiras e comentários maldosos de pessoas que associam a modalidade à violência e ao crime e consideram inadequado uma mulher praticar uma modalidade majoritariamente masculina.

“As pessoas acham que o tiro é um esporte agressivo, que fazem de você uma pessoa perigosa. Existe todo um preconceito, muitas vezes já ouvi, ‘nossa, você atira’, ‘vou ter cuidado com você’”, disse.

Até os patrocinadores se afugentam.  “Me parece que as empresas não querem vincular suas marcas a um esporte que leva arma de fogo, fazem uma associação com a violência, criminalidade. Mas é um instrumento como outro qualquer, um taco de beisebol também pode matar alguém”, disse.  “Claro que tenho vários cuidados de segurança que meu pai me ensinou desde pequena. Mas para mim, é tão natural. Minha arma é como se fosse uma escova de dente”.

Não é fácil ser um atirador no Brasil. Daniela precisa enfrentar muitas burocracias e seguir leis extremamente rígidas para obter a autorização do Exército e poder transportar sua arma. Sempre acompanhada da documentação. “Já esqueci e rezei para não ser parada”.

Apesar de participar de competições desde os 13 anos, ela só conseguiu ser dona de sua própria arma aos 25. As leis brasileiras proíbem que pessoas com menos idade tenham essa autonomia. Em toda sua infância, sua mãe precisou acompanhá-la em os treinos e viagens porque era a responsável pelo equipamento.

“Eu imagino que o Exército tenha razões de segurança para criar uma legislação como essa. O tiro é uma exceção no Brasil, por isso duvido que o Exército considere o garoto que quer começar no esporte, é um universo muito pequeno. Só que a gente acaba sofrendo”.

O objeto inusitado já causou situações embaraçosas e até engraçadas. A embalagem se parece com um teclado de música, o que faz as pessoas se confundirem. Certa vez, estava voltando de uma competição na Argentina quando foi parada no aeroporto por um fiscal da Receita Federal que perguntou o que havia em suas costas. Daniela respondeu que era uma arma de fogo. Não é difícil imaginar a expressão do funcionário.

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“Ele olhou com uma cara apavorada. Aí eu expliquei, disse que tinha autorização. Só depois de muita conversa ele me liberou. Mas isso acontece muito. No táxi, no elevador, muitas pessoas perguntam se eu sou cantora ou instrumentista. Eu prefiro responder que sim, até eu explicar que é uma arma de fogo dá muito trabalho”, brinca. “Uma amiga minha chegou na minha casa e eu estava limpando a arma. Ela não quis entrar até eu guardar. É uma bobagem, sem munição não há qualquer risco”.

Apesar da resistência das pessoas de fora, no meio do tio esportivo Daniela não sente dificuldades por ser mulher entre tantos homens e conta até com a ajuda deles que querem promover o esporte.

Ela compete na modalidade skeet em que os pratos são lançados por uma máquina e o competidor precisa empunhar a arma já com o alvo em movimento. A vaga nas Olimpíadas está praticamente garantida, já que a atleta tem resultados bem melhores que sua única adversária no Brasil. Neste ano, por exemplo, ela foi ouro nos Jogos Sul-Americanos.

Mas tudo vem com um grande esforço. Daniela treina apenas três vezes por semana porque precisa conciliar o esporte com o seu ganha pão. Diariamente, ela tem outro trabalho e ajuda na administração de empresas estrangeiras que queiram se instalar no Brasil. Por isso, os treinos se restringem ao período do almoço nas quartas-feiras, além dos fins de semana.

A atiradora chegou a abandonar o esporte quando terminou a faculdade e começou a trabalhar. Mas o sonho de disputar as Olimpíadas a fez retomar os treinos.  “Eu abro mão de muita coisa pelo tiro. Mas foi um estalo, uma vontade de voltar a fazer isso. As Olimpíadas representam oportunidades grandes, e participar sendo o país-sede é uma oportunidade única. Não quero só participar, quero fazer o meu melhor e quem sabe ganhar uma medalha”.


Elas são feias e incomodam, mas as lutadoras não vivem sem: as trancinhas
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Ser uma mulher e lutar não é fácil. O preconceito ainda é grande, os sacrifícios perto do que passam os homens é ainda maior e manter a feminilidade quando se está pronta para se atracar com uma rival é quase impossível. Um detalhe fundamental para a maioria das competidoras é: o que fazer com o cabelo? A solução costuma ser apostar nas trancinhas, o ‘look’ mais usado no octógono do UFC – e algumas vezes até por homens.

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  • http://esporte.uol.com.br/enquetes/2013/12/04/qual-brasileira-tem-chances-de-ir-mais-longe-no-ufc.js

E as trancinhas não solucionam nenhum daqueles problemas, admitem as lutadoras. A obrigação de terem seus cabelos firmes e bem amarrados para que eles não atrapalhem na hora da ação acaba jogando contra as garotas mais preocupadas com o visual: “eu acho muito feio”, admite a adepta do penteado Bethe Correia, uma das brasileiras do UFC.

O UFC não determina como lutadores de cabelo comprido devem agir. Isso fica a cargo das comissões atléticas que regulamentam o MMA no local das lutas, mas poucas vezes há exigências neste sentido. Acaba partindo dos próprios atletas a tendência de apostar nas trancinhas como melhor forma de segurar os fios.

Bethe Correia, número 12 no ranking feminino e invicta em sete combates, costuma fazer as trancinhas em parte do cabelo, completando o visual com rabo de cavalo. Mas nada disso a convence de que vai “arrasar” no visual no octógono.

HOMENS TAMBÉM ADEREM

  • Não são só as mulheres que aderem aos penteados, trancinhas e elásticos no cabelo. O mais famoso a usar o artifício é Urijah Faber – que já lutou pelo cinturão com Aldo e Barão. Um caso famoso foi o de outro cabeludo, Clay Guida, que costuma ir ao octógono com os seus fios bagunçados, num estilo mais “ogro” de ser. Contra Gray Maynard, a equipe do rival entrou com um pedido na comissão atlética de New Jersey para evitar que ele lutasse com os cabelos soltos. Guida teve de obedecer e assim surgiu este visual da foto acima.

“Eu não acho bonito não, eu acho muito feio! Acho que fico feia, eu acho que todas ficam feias. A gente fica com a cara meio modificada, perde a feminilidade todinha. E além de tudo incomoda. Puxa um pouquinho. Eu mando fazer bem firme mesmo: ‘bota tudo aí para não soltar nada’. Mas você se acostuma”, conta Bethe. “É o jeito. Eu sou vaidosa até um certo limite, mas na hora da luta as coisas são tensas. Não dá pra pensar nisso.”

A paraibana de Campina Grande já chega à semana de lutas pensando em como vai ajeitar os cabelos. Por sorte, ainda não teve de tentar compor o visual sozinha.

“Eu sempre levo comigo um kit de presilhas, caso precise eu mesmo fazer. Logo que chego no hotel em semana de luta, eu vou a salões de beleza próximos ao hotel e quando tem alguém que faça eu já marco um horário”, conta ela, antes de explicar. “Não tem como lutar sem estar com o cabelo bem firme e amarrado. Qualquer coisa que caia no olho você naturalmente vai mexer, então é uma distração que pode te fazer levar um golpe.”

Bethe acaba usando as sessões no salão de beleza quase como um spa relaxante. “Demora um pouco para fazer, geralmente fico duas ou três horas. Então, geralmente eu vou no dia da luta. Acordo de manhã, tomo meu café da manhã reforçado e vou para o salão. Sempre aproveito para fazer manicure e pedicure – luto sempre com as unhas feitas – e é um momento para relaxar. Dá para refletir, distrair a mente, é melhor do que ficar no hotel, pensando só na luta”, afirma ela.

Jéssica Andrade, mais uma brasileira do Ultimate e atualmente nona no ranking, também usa as trancinhas, mas as faz em versão mais “light”. Ao chegar ao hotel antes dos combates, ela pede ajuda da organização para encontrar alguma cabeleireira e passa cerca de meia-hora no dia da pesagem ou da luta ajeitando as madeixas. E não se incomoda com o resultado.

“Atrapalha menos, segura melhor o cabelo e não deixa desarrumar. Eu acho que fica legal, mais apresentável. O cabelo não fica subindo e deixando aquela bagunça”, ri Jéssica.

Uma coisa em comum entre as lutadoras é o momento prazeroso após uma vitória: quando podem dar liberdade aos cabelos.

“Eu fico doida para tirar logo, e dá um trabalho! Fico um tempão tirando, às vezes arranca até tufo de cabelo junto”, diz Bethe. “Mas é uma das primeiras coisas que faço: soltar meu cabelo, tomar um banho e ficar bem livre mesmo, acabar com toda aquela tensão da luta.”

Jéssica Andrade venceu recentemente Raquel Pennington por pontos e ainda não tem compromisso. Bethe vem de triunfo contra Julie Kedzie e retorna em 26 de abril contra Jessamyn Duke.

Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo


Ex-namorada de Pato pode deixar Milan para seguir passos do pai na política
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A ex-namorada de Alexandre Pato, Barbara Berlusconi, pode ter mais funções além de ser vice-presidente do Milan. A imprensa italiana afirma que a filha do ex-primeiro ministro italiano e dono do Milan, Silvio Berlusconi, pode seguir os passos do pai e se dividir entre o futebol e a política.

Segundo o jornal italiano Gazzetta dello Sport, há uma pressão na família de Berlusconi para que um de seus filhos siga a carreira política, como o pai, e Barbara seria a mais próxima de aceitar o desafio.

De certa forma Barbara já segue os passos do pai no futebol. Ela se tornou vice-presidente do Milan em dezembro de 2013.

A família Berlusconi tem até o dia 10 de abril para confirmar Barbara como candidata a um cargo político.